Erros na Proteção por Espuma

Erros na Proteção por Espuma

Neste artigo separamos os erros na Proteção por Espuma mais comuns em indústrias que armazenam líquidos combustíveis e inflamáveis, a maioria deles irão prejudicar muito o desempenho do sistema de proteção contra incêndio, outros irão até ajudar o fogo!

Conteúdo do Post:

  1. Erro 1 – Quantidade de tipos de LGE
  2. Erro 2 – LGE incompatível com o cenário de risco
  3. Erro 3 – Quantidade de LGE inferior ao Projeto de Incêndio
  4. Erro 4 – Mistura de lotes
  5. Erro 5 – Ter o LGE, mas não saber qual é o Tipo
  6. Erro 6 – Adquirir LGE sem certificação
  7. Erro 7 – Não fazer Ensaios Periódicos do LGE
  8. Erro 8 – Ensaio em laboratório não acreditado
  9. Conclusão
  10. Quer melhorar sua Proteção por Espuma?
  11. Referências Bibliográficas:

Primeiramente, vamos relembrar as classes do LGE:

Classe HC – para extinção de incêndios em hidrocarbonetos (derivados de petróleo);

Classe AV – utilização em aeroportos, para extinção de incêndios em hidrocarbonetos;

Classe AR – para extinção de incêndios em solventes polares (exemplo mais comum: álcool).

Para entender mais como identificar a classe do LGE no seu cenário de risco, recomendo que leia também o artigo Definindo a Classe do LGE.

Erro 1 – Quantidade de tipos de LGE

A NBR 15511 permite até 7 tipos de LGE (Líquido Gerador de Espuma), como mostra a tabela abaixo.

NBR 15511 – Tabela 1 – Tipos de LGE

Essa “grande” quantidade de tipos gera uma certa confusão nos profissionais, que acabam adquirindo o LGE incorreto. Apesar de ser ocasionada por falta de atenção ou conhecimento técnico na NBR 15511, esse erro é muito comum.

A normatização apenas de LGE Polivalente (que atende a mais de uma classe) seria uma possível saída para esse problema.

Erro 2 – LGE incompatível com o cenário de risco

Como mencionado no erro 1, é muito comum encontrar LGE do Tipo 1 (exclusivo para hidrocarbonetos) protegendo etanol (solvente polar), ou LGE do Tipo 4 (exclusivo para solvente polar) protegendo tanque de óleo diesel (hidrocarboneto).

Para entender melhor, a imagem abaixo mostra o método de combate do LGE para Hidrocarbonetos.

Espuma atuando em Hidrocarboneto
Espuma atuando em Hidrocarboneto

Conforme o LGE da Classe HC é aplicado, forma-se uma camada chamada Filme Aquoso que “anda” por cima do combustível e logo acima a espuma vai atuando por abafamento.

O LGE funciona semelhantemente à um lençol, só que para o calor.

Como a água não é miscível (não se mistura) em hidrocarbonetos, ela irá assentar no fundo do reservatório.

Mas, no caso do LGE Classe AR, devido a água ser miscível com solventes polares, a aplicação de espuma com o Filme Aquoso seria ineficiente, pois o Etanol iria “comer” toda a solução de espuma aplicada.

Para isso, foi necessário desenvolver uma espuma que “isole” o contato com a água e não deixe que ela se misture com o líquido em chamas.

Espuma atuando em Solvente Polar
Espuma atuando em Solvente Polar

De todos os erros na proteção por espuma, esse é o pior, pois a efetividade do sistema será igual a ZERO, e dependendo da quantidade de líquidos combustível ou inflamável armazenada, o risco de uma catástrofe é grande.

Erro 3 – Quantidade de LGE inferior ao Projeto de Incêndio

Erros na Proteção por Espuma
Incêndio da Ultracargo em 2015

As normas brasileiras atuais permitem que NÃO se considere dois ou mais eventos de incêndio em simultâneo, o que já não é o ideal.

Daí surge outro problema, vamos supor que no projeto de incêndio esteja especificado que é necessário um suprimento de LGE de 10 mil litros para combater o incêndio por 30 minutos no pior cenário de risco (sem ser evento simultâneo).

Quando vamos verificar o tanque ou bombonas de LGE, constatamos que possuem apenas 6,5 mil litros, que não atende nem ao mínimo requerido.

“Aqui a gente aprendeu que muitas vezes o mínimo não serve!” – Coronel Cassio Roberto Armani se referindo ao incêndio da Ultracargo em 2015, onde foram consumidos aproximadamente 400 mil litros de LGE.

Outro ponto importante, é que quando o armazenamento é feito por meio de tanque, ele deve ter um medidor que possibilite saber o seu volume.

Trecho da Instrução Técnica 25 do Corpo de Bombeiros de São Paulo

Erro 4 – Mistura de lotes

Constatada a falta de suprimento de LGE do item anterior, então a empresa decide adquirir o restante, mas daí pode surgir outro grande problema.

Primeiro temos que saber se o LGE estocado ainda está em boas condições de uso para poder ser misturado com o novo lote de LGE, até porque não se mistura laranja boa com laranja podre.

Temos então a necessidade de fazer os Ensaios Periódicos … que serão destacados no erro 7.

Erro 5 – Ter o LGE, mas não saber qual é o Tipo

Em geral a proteção por espuma é deixada de lado em empresas, e a maioria delas nunca fizeram um controle do seu suprimento de LGE. Quando vamos até as bombonas, containers (IBC) ou tanque não temos nenhuma informação (rótulo) descrevendo qual é o LGE estocado.

Trecho da Instrução Técnica 25 do Corpo de Bombeiros de São Paulo

Esse é um problema muito sério, já que visualmente não é tão simples (e nem seguro) identificar o tipo de LGE, e corre um grande risco de entrarmos no erro 2.

Erro 6 – Adquirir LGE sem certificação

A NBR 15511 que normatiza o LGE foi baseada nas principais normas do mercado nacional e internacional, como: Petrobras N-2142, ICAO Doc 9137, MIL-F-24385, NFPA 11 e ISO 7203 para que tivéssemos uma norma que atendesse todas as necessidades para os sistemas de espuma de baixa expansão no Brasil.

Mas, ainda temos vários LGEs comercializados que não são certificados, outros nem sequer atendem a NBR.

Adquirindo um LGE certificado você garante que ele já veio testado por laboratório acreditado que garantiu sua capacidade de extinção e reignição do fogo.

Portanto, busque sempre as melhores condições comerciais, mas sempre exija material certificado.

Erro 7 – Não fazer Ensaios Periódicos do LGE

Ensaio de LGE
Ensaio de LGE – Tempo de Reignição

O LGE certificado pela NBR 15511, não possui um prazo de validade estipulado. Mas, é necessária sua validação a cada 12 meses por meio do Ensaio Laboratorial e a cada 36 meses para o Ensaio de Fogo.

Esses ensaios são necessários para garantir que não houve contaminação ou deterioração do LGE armazenado, e também garantir que a sua capacidade de extinção e reignição do fogo se mantiveram intactas ao longo do tempo.

Para mais detalhes de como são feitos os Ensaios Periódicos, leia também o artigo Ensaio de LGE (Líquido Gerador de Espuma)

Erro 8 – Ensaio em laboratório não acreditado

Em caso de acidentes, causando danos ao meio ambiente ou vítimas, o controle periódico de LGE conforme a NBR 15511 é o único meio de controle legalmente aceito no Brasil.

O relatório de ensaio, para ter valor legal junto às autoridades e ser aceito em auditorias, deve ser emitido por laboratório pertencente à RBLE – Rede Brasileira de Laboratórios de Ensaio, acreditado pela Cgcre (Coordenação Geral de Acreditação/INMETRO) para o escopo de ensaios de LGE.

Infelizmente, algumas empresas ainda buscam fornecedores que não são especializados em Líquido Gerador de Espuma (LGE).

Exemplo disso, é que muitas acabam contratando a empresa que realiza as manutenções dos extintores e mangueiras de incêndio para também fazerem os Ensaios Periódicos, mas na maioria das vezes essas empresas locais nunca fizeram esse trabalho para outros clientes e nem sequer leram a NBR 15511.

Elas também acabam enviando as amostras de LGE para laboratórios não acreditados pelo INMETRO, que não terá validade legal nenhuma em caso de sinistro.

Resumindo, o cliente acabou “comprando gato por lebre”.


Conclusão

Infelizmente, a maioria das empresas por onde passo comete no mínimo DOIS desses erros, e o pior, elas não tinham (e às vezes continuam não tendo) noção nenhuma do risco que elas correm.

A grande maioria das empresas está acostumada a cuidar da manutenção de extintores e mangueiras (quando cuidam …), só que a proteção por espuma é deixada de lado, sendo que a espuma é de longe o agente mais eficiente em líquidos combustíveis e inflamáveis.

Quer melhorar sua Proteção por Espuma?

Caso você se identifique com algum dos erros mencionados, e precise de ajuda para solucionar, nos envie uma mensagem pelo formulário abaixo.

Referências Bibliográficas:

NBR 15511 – Líquido gerador de espuma LGE, de baixa expansão, para combate a incêndios em combustíveis líquidos

O Autor
Bruno Alberto Gonçalves

Bruno Alberto Gonçalves

Há 9 anos venho me especializando e acumulando experiência técnica em equipamentos de proteção contra incêndios, área essa que tenho grande apreço e considero extremamente relevante para formação de uma Cultura Prevencionista no Brasil. Em 2017, fundei a Teros Soluções Contra Incêndio para atuar com consultorias, fornecimento de equipamentos e serviços focados nas NBRs 11742, 11861, 12615, 12779, 13434, 15511, 16651 e 17505-4.

INSCREVA-SE EM NOSSA NEWSLETTER

Fique por dentro das novidades de
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO
O Autor
Bruno Alberto Gonçalves

Bruno Alberto Gonçalves

Há 9 anos venho me especializando e acumulando experiência técnica em equipamentos de proteção contra incêndios, área essa que tenho grande apreço e considero extremamente relevante para formação de uma Cultura Prevencionista no Brasil. Em 2017, fundei a Teros Soluções Contra Incêndio para atuar com consultorias, fornecimento de equipamentos e serviços focados nas NBRs 11742, 11861, 12615, 12779, 13434, 15511, 16651 e 17505-4.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

INSCREVA-SE EM NOSSA NEWSLETTER

Fique por dentro das novidades de PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO
Precisa de Ajuda?